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As prioridades da esplanada do novo governo Lula

Na última semana foram finalizadas as posses dos 37 ministros do terceiro governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Desde que foi feito o anúncio da nova gestão, os representantes de cada ministério iniciaram as apresentações de prioridades para as pastas. Na quarta-feira (11), as últimas a tomarem posse foram Anielle Franco, Igualdade Racial, e Sônia Guajajara, Povos Indígenas.

Em suas falas, as ministras evidenciaram os problemas enfrentados pelos povos originários e pela população negra, sobretudo com relação à violência, e se comprometeram a trabalhar em prol da igualdade e diversidade com respeito às minorias. De modo geral, esse foi o compromisso firmado pelos comandantes de todas as pastas.

Levando em consideração que o carro-chefe do governo são os programas sociais, o ministro do Desenvolvimento Social, Wellington Dias (PT), ex-governador do Piauí, planeja criar um programa de renegociação de dívidas, redesenhar o Bolsa Família e atualizar o Cadastro Único com o intuito de integrar a rede de assistência social nos estados e municípios.

Na educação, Camilo Santana (PT), ex-governador do Ceará e senador eleito, anunciou que retomará o Fies (Fundo de Financiamento Estudantil) e o Prouni (Programa Universidade Para Todos), conferindo prioridade à alfabetização na infância atrelada a maior qualidade na merenda escolar. Um dos pilares da plataforma de Lula, inclusive enfatizado na COP 27, é o combate à fome e à desigualdade, de modo que o tema deve permear toda a esplanada com destaque.

Dentre os representantes da área social, o professor Silvio Almeida, que está à frente do Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania, recebeu destaque pela imprensa nacional. O Ministro é reconhecido academicamente por suas obras e pesquisas em direitos humanos e a escolha por seu nome foi celebrada pela comunidade internacional dedicada à defesa de pautas humanitárias. Em sua posse, se comprometeu com o direito das minorias e com a revisão dos atos legais fundamentados no ódio e preconceito. Destaca-se ainda que, em pelo menos seis solenidades de posse, foi empregado o uso da linguagem neutra.

No que toca à equipe econômica, o que se tem no momento é um clima de adaptação e amistosidade entre governo e mercado. O quarteto econômico de Lula seguiu arranjo semelhante aos seus governos anteriores: Fernando Haddad, na Fazenda; o vice-presidente Geraldo Alckmin, em Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior; Simone Tebet, no Planejamento e Orçamento e Esther Duek, na Gestão e Inovação.

Apesar das diferenças político-partidárias, a equipe converge na necessidade da austeridade fiscal e, de forma unânime, colocaram a reforma tributária como prioridade máxima. A reestruturação prioritária é a unificação de tributos em um Imposto de Valor Agregado (IVA), modelo utilizado na maioria dos países que simplifica a contribuição para CNPJs. A expectativa – embora desafiadora – é que entre os seis e oito primeiros meses, a reforma seja aprovada no Congresso, via PEC 110 ou PEC 45, ambas de 2019.

Nos campos mais setoriais, há preocupações que dialogam com as demais pastas. A ministra do Meio Ambiente e Mudanças Climáticas, a deputada Marina Silva (Rede), anunciou a criação de uma secretaria direcionada para bioeconomia e a constituição de uma Autoridade Climática no Brasil, a ser formalizada até março e submetida à pasta.

O ministério também contará com um conselho, liderado pelo presidente Lula e com a participação de outros ministérios, da sociedade civil e dos estados e municípios, a fim de tratar sobre as políticas ambientais. Seguindo o mesmo caminho, Alexandre Silveira (PSD), de Minas e Energia, comunicou a instalação de uma Secretaria de Transição Energética, que ficará responsável por elaborar e implementar políticas de desenvolvimento e fomento de energia limpa, junto a uma nova política de preços dos combustíveis.

Por fim, o Ministério da Saúde, um dos maiores orçamentos da União, segue como prioridade. A ex-presidente da Fiocruz, ministra Nísia Trindade, que teve seu nome amplamente aceito pela comunidade médica, destacou a importância da produção e da cobertura nacional de vacinas e fármacos, o combate ao racismo estrutural no Sistema Único de Saúde (SUS), a retomada da agenda de saúde mental, a criação de um sistema de atendimento às vítimas com sintomas da chamada “covid longa”, a diminuição das filas por cirurgias eletivas e o fortalecimento do programa Farmácia Popular. Também avisou que revogará portarias e notas técnicas que não tomam a ciência baseada em evidências e os diretos como base.

Tanto nas cerimônias de posse quanto na primeira reunião ministerial, o presidente Lula pediu um ritmo acelerado à sua equipe, que tem prevista a entrega de um cronograma de atividades até o fim desse mês.

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